sexta-feira, 1 de maio de 2009

Memorial de leitura

Ingressei no mundo da leitura aos 7 anos,quando fui alfabetizada.
Lembro-me que, para conseguir ler meus livros favoritos, tinha que subir no velho pé de pinha que fica nos fundos da casa de minha mãe, pois minhas irmãs mais novas sempre choravam para me tomar os livros e,como sou a "maiorzona",como dizia minha mãe, sempre tinha que ceder aos caprichos delas.
O 1º livro que lí foi " Quem tem medo de escuro ?" de Fanny Joly, aliás lí quase todos que indagavam sobre nossos medos.Através deles conseguia me livar de tantos medos que tinha.
Quando estava cursando a sétima série me apaixonei pelas obras de José de Alencar, especialmente pelo livro "O Guaraní". Lí tantas vezes que decorei toda a história.
Aquela era a idade dos flertes proibidos pela pouca idade. Então conseguia comparar essa situação ao relacionamento dos personagens Peri e Ceci. Quantas vezes sonhei com outro final para aquela história e ,quase sempre, era eu a personagem principal !
Certo dia minha professora de Língua Portuguesa deu-nos um texto para interpretar e as perguntas estavam incoerentes com o fragmento apresentado por ela. Não conseguiamos encontrar as respostas e a mesma nos deu um prazo de 10 dias para entregarmos o trabalho que valeria quase metade do bimestre escolar. Caí na besteira de dizer para ela que não estava conseguindo resolver a atividade proposta.Ela simplesmente me respondeu que por isso levava o nome de "trabalho".Fiquei indignada e procurei pelo livro até que encontrei-o.Era uma obra de Adonias Filho,"Luanda Beira Bahia", lindo de se ler. Devorei o em um dia e fiquei maravilhada com a história de Caúla, personagem principal. Carregava aquele trabalho como um troféu, pois me levou a buscar soluções diante daquela dificuldade proposta.
Na faculdade, então, foi uma correria só.Tinha um excelente professor de literatura que me incentivou a ler diversificadas obras dentre as quais as obras e contos Machadianos, ficava desesperada com tanta cobrança, muitas vezes nem conseguia concluir uma leitura já me indicava outra.
E foi assim que comecei a ler, sendo muitas vezes desafiada e, graças a esses desafios,tornei-me uma leitora .
Hoje acredito que, através da leitura, podemos nos distanciar dos fatos e questionar a realidade com uma postura crítica, não correndo o risco de perder a cidadania em meio à comunidade letrada.

Um comentário:

  1. Que história maravilhosa, Adriana!

    Subir em árvore, desafiar a professora, desafiar-se, submeter-se à imposição de uns e se deixar cativar pelas escolhas do outro... Muitas experiências compõem a construção de seu ser leitora...

    Beijo.

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